Léo Cavalcanti

Falar de Léo Cavalcanti é fácil, pois suas composições são permeadas de harmonia de um jeito melódico, mas natural, onde o verso e a rima encontram um abrigo ideal, rodeados de invencionices rítmicas que se complementam e demonstram a amplitude de suas referências sonoras. Esse paulistano, que já fez parte do Grupo Palavra Cantada e trabalhou durante anos como instrumentista, trouxe para a música um frescor intenso com a sua voz.

“Religar”, seu primeiro álbum, experimenta, inova, questiona. Na verdade, a sonoridade encontrada em sua obra, religa nossos instantes e sentidos.

A sintonia entre voz e música, conseguida por Léo Cavalcanti, é surpreendente e com certeza agradará os ouvidos mais exigentes.

Para começar, separei uma letra interessantíssima:

Inalcansável Você

“Os seus lugares são belos
Os seus gestos são tão naturais
Boquiaberto me travo
Por me ver a te admirar demais
Eis que fico fraco
Eu inventei o inalcançável você”

Nessa Léo canta e encanta com Tulipa:

Sem (Des)Esperar

“Mas no fundo a esperança dorme, pronta a qualquer alarme
Se você mudar de ideia…
Pois nenhum amor assim morre
Talvez você se desarme e estarei pronto para a reestreia”

Se quiser se perder em outros ruídos avessos deste talento, dê um pulo até o musicoteca e baixe seu álbum de estréia, além de um demo lançado em 2008.

E aí, o que achou desse som? Gostou? E você o que tem ouvido por aí? Se você conhece algo bom e quer partilhar com a gente, envie sugestões para gramofonelunar@live.com

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“Quando tudo era frio, tão não
E você fazia mais questão
De se descalçar pra caminhar
Comigo de pés no chão”

Boas vibrações, galera gramofônica!

Hoje o Gramofone acordou com os olhos e as víceras pra fora, sentindo a esquisofrenia pulsante de um paulista errante, que não se fulaniza e nem deixa-se enumerar. Pélico não é apenas mais um na multidão e seus acordes não são notas jogadas pela calçada. O som que Pélico nos presenteia é vívido e único.

Sem mais, feche os olhos, abra os ouvidos e aumente seus sentidos.

Se quiser conhecer outras músicas ou baixar o álbum inteiro, acesse o site oficial.

E aí, o que achou? Participe, comente e compartilhe!

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Todo Carnaval tem seu Fim?

Se conheceram num bloco de carnaval ao meio dia de uma quarta feira ensolarada. Tudo cheirava à festa e as pessoas tinham na cara e no jeito, aquele típico desespero de quem só tem um dia(o último) para brincar o carnaval, afogar as mágoas e exorcizar demônios.

Ela, vestida de anjo que caiu do céu, tinha todos os sonhos do mundo naquele coração rosa, e ele com a farda branca de um marinheiro envolto em mares de festa e bebida, parecia naufragado em suas dores e mágoas. Trombaram um no outro, assim, como quem não quer nada, mas logo em seguida se afastaram, em meio à multidão que cantava e ria e delirava, debaixo daqueles sons todos e daquele turbilhão de confete, serpentina e suor.

Era um emaranhado só: gente pequena, gente grande, gente bêbada e gente sã, sem contar aqueles que não eram nem mais gente e sim um turba de porquinhos cor de rosa, coelhinhas da playboy, cachorros, gatos, cobras e até um jacaré. Pois é! No Carnaval podia tudo, pois tudo era permitido. Mas foi só depois que rolou aquela briga entre o capitão e o palhaço que tinha tomado umas e dado em cima da colombina de vestido azul, que em meio aos cacos de garrafa e trambolhões ela disse: “Que carnaval mais violento minha gente, esse povo não sabe curtir!” enquanto ele de longe,a olhava pelo canto dos olhos e via embevecido, como ela ficava linda quando irritada, levantando a sobrancelha direita e fazendo biquinho.

E foi só aí que ele fez a única coisa que lhe restava fazer, e quando a banda tocou aquela música antiga que falava de amor e repetia no refrão que o bom da vida era ser feliz, ele tomou-a pelo braço e no enlaço festivo a cartada final: “Vem comigo que hoje o dia é nosso, a vontade de te beijar é grande e o mundo é pequeno pro meu desejo” . O que veio depois, foram beijos, abraços e amassos sobre um céu abrasador. E dançaram, festejaram, tomaram banho de champanhe e cobriram-se de serpentinas coloridas.

De tão envolvidos que estavam, nem perceberam o tempo passar e a noite chegar, trazendo com o seu manto o fim da banda, do carnaval, das colombinas e curtição.

E sem o carnaval a rua era só uma rua, os bichos viravam gente comum e até o palhaço não tinha mais graça, com seu sorriso pintado jazendo pendurado naquele rosto sem cor. A vida depois do carnaval era só a vida: Comum, real, profundamente palpável e indelével. E permaneceria assim, até quando o próximo carnaval chegasse e trouxesse novamente com ele, aquela outra vida, aquela outra realidade, aquela outra dimensão humana e onírica.

Manú Sena

Do Blog Poética Prosa

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