Me fechei em seus poros
subitamente explícitos
num delírio ilusório
tentando esconder meus ilícitos
E apesar de seus lábios
não afagar meus anseios
Me senti tão estável
ao me encontrar em seus meios
Me afoguei em seus olhos
unicamente tão vívidos
num alívio provisório
maquiando o doer de meus gemidos
E apesar de seu verso inábil
não apagar meus ensejos
me sorri o improvável
de várias formas e jeitos
Eu sou esse ruído
que ainda não encontrou a clave
E fica ali tinindo
sentindo o vazio que não cabe.
Eu sou em mim um vestígio
um rastro na areia de meu existir.
Sei que me salta o desígnio
de não conseguir me traduzir.
Eu sou essa porta
que ainda não encontrou a chave
E fica ali trancada
fechada, inerte, sem que ninguém a repare.
Eu sou assim tão torta
quanto o traço que permeia o fim.
Sei que me falta uma volta
um começo, um meio e um sim.
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