Ao ouvir Daughter pela primeira vez lembrei de alguns outros artistas, como Bjork, Florence & The Machine e até mesmo os brasileiros do Holger. Mas existe uma singularidade em sua música que é indescritível. Daughter é Igor Haefeli, Elena Tonra e Remi Aguilella.
Banda londrina, com os EP’s “The Wild Youth” e “His YouthHeart”, sendo este de 20 de Abril de 2011; ai aparecem quatro faixas. A primeira é
Landfill
As próximas músicas são The Woods,
Candles,
e Switzerland.
Composições de estilo folk, acústica e acústica experimental que nos fazem tirar os pés do chão. Uma melancolia admirada por muitos, também presente, e muito bem materializada no segundo EP (The Wild Youth) de outubro de 2011, no qual “Youth” é a terceira faixa com as três seguintes:
Home
Medicine
Love
“As melhores faixas são aquelas onde Tonra se funde com a música, sua voz [parece] apenas um fantasma na névoa.” diz a crítica. A poesia presente nas letras é de um tom profundo e nostálgico, acrescentando rimas às melodias envolventes, embora quase sempre calmas.
“His Youth Heart” está disponível para download no bandcamp deles. Você pode acompanhar as novidades pelo Facebook, Twitter, Youtube e ouvir as músicas no Soundcloud.
Hoje, trazemos uma novidade, encontrada perdida entre os escombros, e cheirando a naftalina. Estávamos fuçando alguns guardados, e de repente em meio ao pó, apareceu uma música, que beira a genialidade, pra não dizer a loucura. O nome da música é Paralelo ao Chão, da Medulla, uma mistura de versos largada e despretensiosa, que brinca com a sonoridade e toma conta de tudo, sem pedir licença.
Acha que exageramos? Então abra os ouvidos e deixe o verso arrombar seus sentidos…
Paralelo ao Chão
Ao ouvir as outras faixas, nos deixamos entregues a poesia solta que se faz notar em cada rima cheia de sentido que esses alucinados imprimem em suas composições. A banda tem como vozes os gêmeos recifenses Keops e Raoni. Ainda pequenos mudaram-se para São Paulo, depois Rio de Janeiro, voltaram para Recife e por fim Rio de Janeiro novamente, onde formaram algumas bandas até chegarem a fórmula do Medulla, que passou a ser completa com a inclusão de Dudu Valle, Alan Lopes, Daniel Martins e o Rodrigo Silva.
Eles fazem um rock que dizem ser contaminado pelo espírito de todas essas cidades pelas quais passaram e influenciado pela junção de todas as vertentes musicais possíveis e inimagináveis. Quem ousa decifrar essa metamorfose multisonora, normalmente se perde em suas colocações e não sabe se quer definir o seu estilo. Uns dizem ser um rock experimental, outros uma poesia sinfônica ensandecida, e alguns criam novas termologias, sem contudo, realmente contemplar toda a gama de nuances criativas presente em seu som. Seu primeiro disco de 10 canções, chamou-se O Fim Da Trégua e foi gravado entre Rio e São Paulo. Nesse disco a única faixa não autoral da dupla foi a “O Velho”, de autoria de Chico Buarque e que, nesse disco, ganhou um som oitentista.
“O Medulla não é a mais nova “salvação do rock” – eles vieram para destruir… e construir tudo de novo em cima dos escombros.” – Edu K
Os caras saíram de uma grande gravadora, em seu primeiro álbum, para apartados das regras mercadológicas, partirem para uma abordagem totalmente independente e voltada para invencionices desfocadas e geniais, que se caracterizam em cada nota tocada de forma perdida e em cada verso desconexo rebatizado por uma rima desforme e sem culpa.
A verdade é que ao ouvir Medulla pela primeira vez, você nota de cara um toque psicodélico que permeia as canções e ao mesmo tempo uma qualidade singular em cada acorde, que se veste com as letras, de um modo tão inspirador quanto intenso. A qualidade de suas músicas é realmente intrigante, e instiga a querer ouvir mais e mais.
“O Medulla mira certeiro seu coquetel molotov na MPB, no rock, no jazz, na música de rua, esvaziando nossos pulmões de ar estagnado, enchendo nossos corações com a certeza de que a música ainda é marginal, ainda importa, ainda nos conecta com o universo, com o infinito; ainda proporciona aquele frio na barriga de quem olha pra dentro do abismo… e sorri, e caçoa.”
A pegada forte deles, com certeza, não está só em suas composições diferentes e interessantes, mas na verdade, nesse “q” de O Rappa, em sua época áurea, nesse “por que” meio “nonsense”, meio “Raimundiano”, e nesse existir quase que desafiador, pois é um “ser” estranho, que não tem muito a ver com nada, que você ouve por aí.
E então, que o ecoar descompassado e fora de ritmo de seu som soe além dos olhos e voe além das claves, emanando a sua inquietação por todo o canto que haja poesia. Em outras palavras, dispa-se do mesmo, aumente o som e deixe o Gramofone em si se libertar:
“Assistir um filme de Spielberg roendo as unhas…”
Prematuro Parto Fórceps
“Se é mesmo a vida que desata os nós…”
Eterno Retorno
“Vem cá ver que o novo é bom… pode amedrontar-te… atropelar-te…”
O Novo
“… um sonhador que não sonhava…”
Salto Mortal
“Posso pouco, tudo é risco de vida, sem você no corpo é como pingar limão e andar no sol…”
Gosto de Guarda Chuva
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Escolha um emprego. Escolha um carro. Escolha uma esposa. Escolha uma vida. E depois, resigne-se. É a vida, feita de escolhas, e consequências. Um passo aqui para uma efeito lá. Pode parecer estimulante. Pode parecer desafiador. Ou, às vezes, deprimente. Ele decidiu não escolher coisa alguma. E esta foi a sua escolha. Sem razões definidas, sem explicações aparentes. Ele não precisava de escolhas para ser feliz. E não precisava ser feliz para continuar vivendo.
Autodenominava-se O Homem Invisível. Mas não era invisível. Pior ainda, nem era. Só existia porque estava consciente de sua existência. Mas, em um dado momento, chegou a se questionar: existia realmente? Fazia parte de um plano? Integrava um todo? E se fosse apenas o personagem de um livro? Ou, pior, o personagem de uma crônica postada num blog medíocre de um pseudo-escritor?
A vida continuava como um marasmo de cores nada vibrantes. Posto póstumo, um vazio lancinante lhe devorando a alma corrompida. Um emprego medíocre em um escritório qualquer. Sem família, sem raios de sol, sem perspectivas. Tão somente, ratos e restos.
Questionava-se, dia após dia, cada vez mais. Era real? Era músculos e vértebras, ou apenas rabiscos num papel?
Começou a olhar ao redor com desconfiança. Qualquer coisa poderia lhe indicar a natureza de tudo aquilo: realidade, ou apenas produto da mente de um lunático? Os detalhes denunciariam mentiras e verdades. E os detalhes mostraram, afinal, vez após vez, que tudo era irreal. Apenas esboços mal definidos publicados em algum canto.
Insatisfeito com seu rumo, decidiu ir atrás do seu autor. Do homem mal-humorado que lhe privava alegrias ou ao menos vicissitudes. Por que uma vida tão enfadonha? Por que nenhuma fragrância, nenhuma partícula ígnea de bem-estar? Não, ao contrário, sempre o opróbrio, o tédio de uma vida sem vida. Ar, onde fostes parar?
Na busca, alimentado pelos pensamentos inquietantes, logo o Homem Invisível estava dominado pelo ódio. Perdera o controle. Escapara das direções estabelecidas pelo seu autor. Improvisava. Agia por conta, sem dar-se um sentido. E começou a ganhar forma. Cheiro. Cor. Logo, visibilizou-se. Um ser atuante e perceptível.
Agora, figura existente, poderia se vingar daquele que o trancafiou num mundo sem perspectivas. O Homem Ex-Invisível só precisava de uma faca e um pouco de tempo para encontrar seu autor, seu facínora sem coração, e realizar sua vingança.
Encontrou-o numa quinta-feira, 19 de Julho, o pseudo-escritor distraído em seu computador, escrevendo mais um post sobre seu personagem desalentado. Ainda nem havia dado título ao post. Mas parecia rir. Ria da vida funesta com que fustigava o pobre coitado, personagem seu, criatura sua. Aproximou-se por trás do autor, sem ser percebido, salivando vingança, execrando os textos que integrara, suor e raiva pelos poros.
Ergueu a faca, e antes que o autor terminasse a frase…