Minha porta! Essa tem que estar fechada para abrir a mente e para que, no papel, os toques com tinta, às vezes deslizando, errantes, criem motivação simultaneamente à criação de graça dos pensamentos ordenados. Era fácil fazê-lo, mesmo com a porta aberta, quando o coração abraçava o mundo e minha construtora era meu próprio ar empreendedor.
Fico me perguntando por quê um tédio tão grande é o potencial para a praticidade abandonada. Parece estar envolto de expectativas e pichado de frustrações. Se fosse visível, seria um arranha-céu abandonado, quase carcomido pela fumaça metropolitana que, por outro lado, está sendo soprada freneticamente pela alegria fabril. Inovação, progresso do outro lado. Abandonado, mas arranha-céu.
Todo mundo monta uma construtora desde pequeno. Todos são ambiciosos, constroem bons prédios, em diversos parâmetros. O meu era/é-zinho clássico e cheio de gente que cochichava o sucesso. Para ir construindo apartamento sobre apartamento, com devido conforto e segurança, não pude na vida deixar pedra sobre pedra. É a regra do Jokenpo, você tem que destruir outras construtoras.
Os aleijados imaginários sempre tiveram prioridade para tornarem-se condôminos, porque eles têm posse de muletas mágicas, cajados, somente por isso. Deixava serem donos dos seus próprios apartamentos depois de algum tempo, pois talvez assim eu pudesse acordar com a sensação de ser dono de tudo o que não é meu. Meu eu e as divergências. Acordar apertado por pacotinhos de leis alheias, mas em gozo.
Foram-se os aleijados por apreciarem a passividade e opressão míope, sedutora, e minha construtora faliu quando entreguei aos maus agouros meus sonhos de ser super-herói e alternativa para arquitetura desengajada.
Os maus agouros erodem meu prédio e nem implodi-lo posso. Porta fechada. Procrastinação, tédio.
Do Blog Pferes
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